(eBook) O PARAISO E BEM BACANA
produto indisponível
OBJETO
DE DESEJO
Setenta e duas são as virgens que cabem a todo mártir da fé, reza a tradição islâmica, e não há de ser diferente no caso de Muhammad Mané, ou seja, Manoel dos Santos, promessa do futebol alemão e internacional, recém-converso e recém-imolado à fé de Alá. Setenta e duas, todas belas e amoráveis, dando mole como nunca em vida, recendentes a maionese e eucalipto. O Paraíso parece ser bem bacana. Mas não. Preso a uma cama de hospital em Berlim, à beira da morte, Mané desfruta, enquanto é tempo e de uma só vez, tudo o que lhe foi sistematicamente negado ao longo da vida breve e da carreira ainda mais - sanduíches regados a maionese, mulheres lascivas e maternais, seios protéticos e orifícios com odor de eucalipto, sem as perebas, secreções e borrachudos de sua miserável cidade natal, Ubatuba, no litoral paulista. Mesmo em sonhos está reservada ao atleta a revelação de que, afinal, 'é tudo Inferno'. É claro que tudo poderia ser diferente, se ao menos os técnicos e as psicólogas não fossem tão obtusos, se os colegas não fossem tão cruéis, se a mãe não bebesse tanto, se Uéverson, o impagável centroavante que prefere viver o paraíso na Terra, não fosse tão obcecado pelo sexo em escala hercúlea. Em 'O Paraíso é bem bacana', André Sant' Anna aciona em velocidade máxima o carrossel de lugares-comuns que fazem o tecido da mente - todos estão igualmente presos às frases e idéias fixas que os definem e os esgotam. 'O Paraíso é bem bacana' é uma obra que traz a imagem invertida das mais caras fantasias brasileiras e culmina num ato extremo e solitário do anti-herói Mané em pleno Olympiastadion de Berlim.
Nasceu em Belo Horizonte em 1964 e morou no Rio de Janeiro, onde tocou no grupo Tao e Qual. Hoje mora em São Paulo. É autor dos livros Amor (1998) e Sexo (1999). Considerado um dos maiores talentos da literatura brasileira atual, teve um texto publicado na antologia Os cem melhores contos da literatura brasileira (Objetiva).
Leia mais…