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Autor: Jarid Arraes
Editora: FERINA
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Em seu livro de estreia na poesia, a escritora e cordelista Jarid Arraes dedica seus poemas àqueles que não encontram matilha. Àqueles que procuram um buraco para chamar de seu – talvez toca, talvez a cova íntima que nem sempre encontramos quando precisamos de abrigo. Nas quatro partes do livro – Selvageria, Fera, Corpo Aberto e Caverna – Jarid cava fundo, com unhas e presas, em busca desse lugar. Revira lembranças de sua infância no Cariri, cercada da intolerância e do machismo, mas também cercada da poesia dos homens que inspiraram seu pai e seu avô, ambos cordelistas, e a despertaram para o universo literário. O que sempre faltou nessa época foi a voz de mulher, que ela se encarregou de resgatar em seus dois primeiros livros, “As lendas de Dandara” e “Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis”. Descobrir-se mulher e depois negra intensificou essa busca, levando Jarid a mergulhar na política de classe, de raça e de gênero em seus cordéis que subvertem a tradição nordestina. Em “Um buraco com meu nome” – que também inaugura o selo literário Ferina, voltado à descoberta de autoras brasileiras – a política ganha contornos líricos, mas continua presente em cada verso. UMA MULHER PERGUNTA há tardes e pequenos espaços de tempo em que uma mulher pergunta de que adianta se as mãos dos homens dirigem o metrô e os ônibus os carros blindados as motos que serpenteiam entre corredores breves se as mãos dos homens assinam os papéis e carimbam autorizam o prontuário a entrada e a saída do corpo o reconhecimento dos órgãos doados se as mãos dos homens orquestram as violências balas esporros olhares e tocam seus instrumentos fálicos curtos enrugados colocados para o lado se os homens e suas mãos discam os números estabelecem os valores fazem listas de nomes de outros homens e se as as mãos dos homens alcançam todas as coisas que quebram ou selam acordos e apertam botões que começam guerras internas por muitas e muitas gerações há um dia em que a mulher pergunta a si mesma pergunta para outra mulher e as perguntas pairam flutuam sobre a cabeça as perguntas incomodam e vazam como excremento de aves de árvores de céu nesse dia a mulher procura a resposta por que de que adianta se há mãos que fazem dançar as cordas e os pequenos membros do corpo vivem em sacolejo o ventre morre em liminares gestações que formam mãos de homens e a partir do ventre as mãos nutridas pela mulher saem na direção do mundo de tudo que é externo de tudo que é global antropológico fágico e social e a mulher nesse dia pergunta para outra mulher para o espelho de que isso tudo adianta
Título: Um Buraco Com Meu Nome
ISBN: 9788598349596
Idioma: Português
Encadernação: Brochura
Formato: 13,5 x 21 x 1,3
Páginas: 160
Ano copyright: 2018
Coleção:
Ano de edição: 2018
Edição: 1ª
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Autor: Jarid Arraes
Jarid Arraes (Juazeiro do Norte — Ceará, 1991) é escritora, cordelista e poeta cearense. Filha e neta de cordelistas, cresceu em meio às manifestações do Centro de Cultura Popular Mestre Noza, associação de artesãos ainda presente no sertão do Cariri. Mudou-se para São Paulo em 2014, e vive de seus livros e cordéis — mais de sessenta, que produz manualmente. Primeira mulher cordelista da família, começou cedo a questionar a predominância masculina na arte. Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis (2017) vendeu cinco mil cópias em seis meses. Tamém é autora de Um buraco com meu nome (2018). Em 2019, lança seu primeiro livro de contos, Redemoinho em dia quente.