Home › Livros › Literatura e Ficção › Literatura Brasileira
Autor: Joao do Rio
Editora: Carambaia
PREVISÃO DE POSTAGEM: Até 3 dias úteis.
De: R$ 79,90
Por: R$ 71,11
em até 3x sem juros
Numa época em que os jornais funcionavam como uma espécie de tribuna de opinião, e suas colunas eram divididas entre diatribes de caráter político e textos rebuscados nascidos da pena de literatos, surgiu a figura de João do Rio. O autor, homenageado na Festa Literária de Paraty (Flip) em 2024, usou as páginas dos diários como terreno de experimentação. Misturou apuração jornalística com estilo literário e ajudou a formatar um dos gêneros mais apreciados pelo leitor brasileiro: a crônica.Gente às janelas reúne um panorama variado dessa produção do autor. A seleção dos textos, formada por material raro, coletado de arquivos e bibliotecas nacionais e estrangeiras, é fruto de quase uma década de pesquisa.Aquele que se tornaria um dos nomes mais importantes da crônica brasileira assumiu a cidade como pseudônimo e, como um João qualquer, saiu à rua. Flanou sem rumo, falou com toda a gente, ouviu histórias, reparou detalhes, frequentou tanto os ambientes chiques como os lúgubres, percorreu vielas e becos onde o jornalismo não punha o pé. E transformou essa alma encantadora das ruas em material para os seus textos.Adotou técnicas que eram novidade para o jornalismo praticado até então – como a reportagem e a entrevista – e apresentou tudo isso com um talento herdado de muita leitura, consumidor ávido que era de tudo o que se produzia em literatura fora do Brasil. Numa Rio de Janeiro ainda muito pouco alfabetizada, João do Rio conquistou um leitorado enorme, e tornou-se uma das figuras mais conhecidas – e também controversas – dos primeiros anos da República.“Se a minha ação no jornalismo brasileiro pode ser notada é apenas porque desde o meu primeiro artigo assinado João do Rio eu nunca separei jornalismo de literatura, e procurei sempre fazer do jornalismo grande arte”, escreveu ele certa vez à sua mãe, Florência. Isso explica, na opinião da editora Graziella Beting, organizadora do volume e pesquisadora da obra de João do Rio, por que, depois de mais de 100 anos, ainda há interesse em sua leitura.Gente às janelas, organizado em blocos temáticos, acompanha a trajetória do escritor, abordando os diferentes aspectos de sua obra por meio de 33 textos. Apresenta alguns de seus primeiros e pouco conhecidos contos, como “Impotência”, sua estreia na ficção, ou “Ódio (Páginas de um diário)”, em que aborda a homossexualidade – tema pelo qual sofreu ataques e preconceito a vida toda. Outros textos revelam como o autor foi introduzindo aos poucos nas colunas de jornal as interviews ou inquéritos – enquanto o jornalismo não se definia pela adoção do termo “entrevista” –, e como usou o recurso muitas vezes para inserir personagens ficcionais ao que relatava.Em crônicas como “Gente às janelas”, “Tabuletas”, ou “As mariposas do luxo”, vê-se o cronista observador das curiosidades e desigualdades da sociedade carioca da época. Tido como primeiro repórter brasileiro, João do Rio também foi pioneiro em cobrir, diretamente do campo, uma partida do iniciante foot-ball – esporte, aliás, que ele julgou sem futuro no país.Outra raridade presente na coletânea é “Na favela – trecho inédito do Rio”, o primeiro registro da visita de um jornalista ao Morro da Providência para descrever o que era e como viviam as pessoas no local conhecido como Favela, onde migrantes do arraial de Canudos haviam se instalado depois da guerra. O cronista denunciava as más condições desses acampamentos miseráveis, e cobrava providências do governo antes que esse tipo de moradia precária se espalhasse pela cidade.O resultado das incursões a locais pouco frequentados por jornalistas, ou dos quais mal se falava na imprensa rendeu outros textos, como “O barracão das rinhas”, “Visões d’ópio”, “No mundo dos feitiços”. Tal um etnógrafo, ele visita e relata o que viu, muitas vezes de forma romanceada, numa rinha de briga de galo no subúrbio, nas fumeries de ópio dos imigrantes chineses ou nas casas de candomblé.Se João do Rio conquistou muitos fãs – como atestam as impressionantes fotos de seu cortejo fúnebre, que parou a capital –, também colecionou uma série de desafetos. Não à toa: sua pena serviu tanto para tentar ajudar denunciar a gente miserável como para provocar e atacar. Foi preconceituoso e sofreu preconceito, foi racista e sofreu racismo, nunca se sentiu totalmente aceito no círculo intelectual ou político da época.“Um caso comum” ou “Ser snob” são exemplos de crônicas presentes no livro nas quais o autor destila toda a sua ironia e acidez à alta-roda carioca, que vivia a fantasia de viver na Europa. Sonho do qual ele, aliás, de certa forma compartilhava. Vestia-se como um dândi, de cartola e fraque, e desfilava, com jornais estrangeiros debaixo do braço, pelos cafés e endereços chiques da capital carioca – que, como dizia, vivia um “esforço despedaçante de ser Paris”.
Título: Gente As Janelas: Cronicas
ISBN: 9786554610742
Idioma: Português
Encadernação: Capa dura
Formato: 13,7 x 18,7 x 2,1
Páginas: 272
Ano copyright:
Coleção:
Ano de edição: 2024
Edição: 1ª
Região:
Idioma:
Legenda:
País de produção:
Formato de tela:
Áudio Original:
Tempo de Duração:
Quantidade de discos:
Selo:
Código:
Autor: Joao do Rio
João do Rio é o pseudônimo literário de Paulo Barreto, cujo nome completo é João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. Jornalista, cronista, contista e teatrólogo, João do Rio nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 5 de agosto de 1881. Seu pai, o educador Alfredo Coelho, era adepto do Positivismo, e batizou o filho na igreja positivista, esperando que o pequeno Paulo viesse a seguir os passos de Teixeira Mendes. Mas Paulo Barreto jamais levaria a sério a igreja comtista, nem qualquer outra, a não ser como tema de reportagem. Fez os estudos elementares e de humanidades com o pai. Aos 16 anos, ingressou na imprensa. Em 1918, estava no jornal Cidade do Rio, ao lado de José do Patrocínio e o seu grupo de colaboradores. Surgiu então o pseudônimo de João do Rio. A princípio, seu objetivo ao adotar um nome genérico era permanecer anônimo. Contudo, foi por meio dessa designação que ele se tornou um marco na crônica urbana carioca. Seguiram-se outras redações de jornais, e João do Rio se notabilizou como o primeiro homem da imprensa brasileira a ter o senso da reportagem moderna. Começou a publicar suas grandes reportagens, que tanto sucesso obtiveram no Rio e em todo o Brasil, entre as quais "As religiões no Rio" e inquérito "Momento literário", ambos reunidos depois em livros. Nos diversos jornais em que trabalhou, ganhou enorme popularidade, consagrando-se como o maior jornalista de seu tempo. Usou vários pseudônimos, além de João do Rio, destacando-se: Claude, Caran d’ache, Joe, José Antônio José. Foi o criador da crônica social moderna. Como teatrólogo, teve grande êxito a sua peça A bela madame Vargas, representada pela primeira vez em 1912, no Teatro Municipal. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 7 de maio de 1910. Faleceu em 23 de junho de 1921.