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Célebre pelos romances caudalosos, Jorge Amado foi também um contista bissexto. Suas narrativas breves, embora pouco conhecidas, reúnem boa parte dos temas que o consagraram - o microcosmo baiano, a malandragem, a prostituição, a religião, o erotismo, a morte -, e são por isso excelentes portas de entrada do universo do escritor baiano. Esta caixa especial traz três edições primorosas dessas narrativas, ilustradas por artistas gráficos consagrados e comentadas por grandes nomes da literatura. A primeira delas, De como o mulato Porciúncula descarregou seu defunto, traz ilustrações de Andrés Sandoval e comentários de Mariana Amado Costa e José Eduardo Agualusa. Publicada originalmente na revista Senhor, em 1959, narra duas histórias. Uma oculta, a do taciturno Gringo, que mesmo depois de beber litros de cachaça não se dispunha a falar sobre a morte que carregava nas costas, segundo diziam. E a outra, que se desvela aos poucos, a do amor platônico entre o mulato Porciúncula e Maria do Véu, prostituta obcecada por casamentos que havia sido expulsa de casa a pauladas, depois de perder a virgindade com o filho de um coronel. O conto O milagre dos pássaros é ilustrado por Joana Lira e comentado por Ana Miranda. Foi lançado originalmente em 1979 e narra um causo que se passa na cidade alagoana de Piranhas, às margens do São Francisco. Pode ser lido como uma sátira marota das relações conjugais e extraconjugais no interior do nordeste. O milagre em questão é o que propicia a fuga espetacular do poeta e trovador Ubaldo Capadócio, recém-chegado à cidade, da ira homicida do capitão Lindolfo Ezequiel, quando este o encontra na cama com sua esposa, a bela e cobiçada Sabô. A caixa se completa com As mortes e o triunfo de Rosalinda, ilustrado por Fernando Vilela e comentado pelo angolano Pepetela. Publicado em 1965, ao lado de Marques Rebelo, Carlos Heitor Cony, João Antonio e Campos de Carvalho, entre outros, na coletânea de contos Os dez mandamentos, a narrativa ocupa um lugar sui generis na obra de Jorge Amado. Trata-se do jorro verbal, em primeira pessoa, do assassino confesso de Rosalinda, diante de um interlocutor que muda a todo momento: é alternadamente um militar, um bispo, um desembargador, uma madre superiora e outros representantes da autoridade. Ao longo da sua dissertação, a própria Rosalinda se revela um ser fantástico, de muitas vidas e muitas mortes nos quatro cantos do planeta. Em suas múltiplas faces, ela acaba sempre por colocar em xeque a supremacia masculina, levando seu amante a desejar destruí-la. Sátira feroz dos poderes instituídos, o livro subverte igualmente as convenções literárias e as prisões da lógica. Com sua prosa malemolente e desfechos mirabolantes, os três contos trazem pitadas deliciosas de realismo fantástico, realçado pelos desenhos que acompanham as narrativas.
Título: Caixa Jorge Amado Com Tres Contos Ilustrados
ISBN: 9788535916225
Idioma: Português
Encadernação: Brochura
Formato: 12,5 x 18,5 x 2,2
Páginas: 216
Ano copyright: 2010
Coleção:
Ano de edição: 2010
Edição: 1ª
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Autor: Jorge Amado
Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, em Itabuna, na Bahia, filho de João Amado de Faria e Eulália Leal. Aos dois anos, a família mudou-se para Ilhéus, onde o menino passou a infância e viveu experiências que marcariam sua literatura: a vida no mar, o universo da cultura do cacau e as disputas por terra. Começou a escrever profissionalmente como repórter aos catorze anos, em veículos como Diário da Bahia, O Imparcial e O Jornal. Na década de 1930 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estudou direito e travou contato com artistas e intelectuais de esquerda, como Raul Bopp, Rachel de Queiroz, Gilberto Freyre, Graciliano Ramos, Vinicius de Moraes e José Lins do Rego. Estreou com o romance O país do Carnaval (1931). Durante o Estado Novo (1937-45), devido à sua intensa militância política, sofreu censuras, perseguições e chegou a ser detido algumas vezes. Foi eleito deputado federal pelo PCB em 1945. Entre os projetos de lei de sua autoria, estava o que instituía a liberdade de culto religioso. Nesse mesmo ano, conheceu Zélia Gattai, com quem se casou, teve dois filhos, João Jorge e Paloma, e viveu até os últimos dias. Nas décadas de 1940 e 50, viajou pela América Latina, Leste Europeu e União Soviética. Escreveu então seus livros mais engajados, como a biografia de Luís Carlos Prestes e a do poeta Castro Alves, além da trilogia Os subterrâneos da liberdade. Rompeu com o PCB nos anos 1950. A partir de então, sua literatura passou a dar mais relevo ao humor, à sensualidade, à miscigenação e ao sincretismo religioso, em livros como Gabriela, cravo e canela (1958), Tenda dos Milagres (1969), Tieta do Agreste (1977). Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1961, e ganhou prêmios importantes da literatura em língua portuguesa, como o Camões (1995), o Jabuti (1959 e 1997) e o do Ministério da Cultura (1997). A partir da década de 1980, passou a viver entre Salvador e Paris. Sua obra está publicada em mais de cinquenta países e foi adaptada com sucesso para o rádio, o cinema, a televisão e o teatro, transformando seus personagens em parte indissociável da vida brasileira. Jorge Amado morreu em 2001, alguns dias antes de completar 89 anos.