Um Belo Romance Histórico-Mitológico
Alcir Santos de Oliveira
Ainda que não lhe agradem os mitos e histórias da Grécia Clássica, o leitor tem neste livro um belíssimo romance, com tudo que se pode desejar, intrigas, desafios, batalhas, heróis, deuses interferindo em assuntos dos mortais e, ainda, um interessante caso de amor. Portanto, fica de logo indicada a leitura.
Antes de seguir, um reparo. A editora tem o dever de cuidar para que a revisão seja cuidadosa, caso contrário teremos, como neste livro, um sem número de palavras montadas fato que, às vezes, dificulta a leitura e a compreensão. Feito o reparo, sigamos. Sem qualquer sombra de dúvidas, um trabalho cuidadoso que exigiu da autora não só a leitura atenta da Ilíada como, sem dúvida, pesquisa atenta de textos produzidos ao longo do tempo não só sobre a Mitologia Grega como também sobre a história do amor de Aquiles e Pátroclo. A partir dessa base bem assentada ela nos dá um rico romance histórico, não apenas pelo texto escorreito, mas pela perfeita concatenação dos fatos, afastando, inclusive, a lenda, surgida após a Ilíada, de que Aquiles era invulnerável, exceto no calcanhar.
Vale, portanto, transcrever a morte do filho de Tétis, com a participação do deus Apolo, aliado dos troianos, ajudando a guiar a seta disparada por Páris: “A seta voa certeira e silenciosa, descrevendo um arco em direção às costas de Aquiles. Aquiles ouve o leve sibilar da haste um segundo antes do impacto. Vira um pouco a cabeça como para vê-la chegar. Fecha os olhos e sente a ponta atravessar a pele, dilacerar os músculos e abrir caminho em meio às costelas. Lá dentro está o coração. O sangue espirra por entre as omoplatas, escuro e espesso como azeite. Aquiles sorri e seu rosto bate contra o chão”
Assim, Canção de Aquiles é um romance histórico fascinante, inclusive pelas inúmeras cenas de preparação dos exércitos, batalhas, mortes e, também, da intervenção dos deuses, repartidos entre apoios aos troianos e aos gregos. Para completar, o cuidado na forma como trata o amor de Aquiles e Pátroclo, tratando-o de forma até certo ponto lírica sem cair na armadilha de descambar para apelações. Um livro que vale a pena ser lido!
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