A culpa é do Lou Reed poderia ser um romance histórico, mas é, na verdade, uma viagem por um espírito de época, os anos 1980 e os julgamentos definitivos e peremptórios que fizemos sobre música, sociedade e o futuro.

A trama se passa ao longo do dia 12 de outubro de 1988, quando Bruce Springsteen tocou para apenas 300 pessoas num estádio de futebol em São Paulo. Era a turnê Human Right Now!, promovida pela Anistia Internacional para comemorar os 40 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O Brasil aprovara havia pouco mais de uma semana uma nova Constituição. Chet Baker fora encontrado morto na calçada de um hotel em Amsterdã. Na plateia do show de Bruce Springsteen no Parque Antártica, em São Paulo, um crítico de rock cardíaco e uma groupie romântica, vivendo nas rebarbas da história, passeiam pelo ebulitivo cenário da música, da boemia e das ambições dos personagens da noite na São Paulo de Max Headroom, das Oficinas Três Rios, da campanha da Erundina, do glamour de Patricio Bisso, das chegadas da Aids, do reggae e do Alquimista de Paulo Coelho, do banheiro unissex do Aeroanta, do Dama Xoc e das encruzilhadas éticas que uma época projetou para as décadas seguintes.

E se o leitor considerar esses personagens factíveis, deve ser porque são inspirados em figuras reais...