Falar de língua e de política na área da Linguística não significa explorar somente o discurso governamental propriamente dito, mas investigar a relação entre língua e poder nas distintas instâncias em que ela se processa: i) nas práticas de fala e de escrita e em suas interpretações nos embates sociais; ii) nas escolhas linguísticas orientadas por aspectos como gênero discursivo e contexto retórico, que permitem criar, fomentar ou esconder identidade(s) social(is); iii) no reconhecimento de uma língua como língua oficial ou como língua/ norma linguística que deve ser ensinada e aprendida na educação formal; iv) na definição e na distinção do que seja uma língua
em relação às outras etc.

Como se pode ver, falamos neste livro de uma política que perpassa, constitui e funciona no âmbito social, tendo na língua(gem) um meio de produção, exercício e manutenção do poder. Isto porque sabemos que a língua não é uma nomenclatura simplesmente, mas um instrumento que contribui decisivamente para a construção da realidade, na medida em que impõe aos falantes determinadas formas de expressão e, assim, determinadas formas de organização social.