Por meio de uma série de retratos marranos que desenha, Nathan Wachtel retraça os itinerários de judeus espanhóis e portugueses convertidos à força à fé católica a partir do fim do século XIV. A Fé na Lembrança mostra como aqueles que partiram da Europa para buscar refúgio na América estabeleceram laços de solidariedade transcontinentais e contribuíram para a criação de uma economia que abriu as portas para a modernidade. No plano religioso, os marranos, por vezes judeus, por vezes cristãos, desenvolveram formas de pensamento cético que levaram a uma visão de mundo menos dogmática, mais complexa, mais relativa, mais tolerante, como as de Montaigne e Spinoza. Wachtel alia o trabalho do historiador, que restitui o conteúdo dos processos dos velhos arquivos inquisitoriais, à preocupação do antropólogo: em pleno século XX encontra marranos no Brasil, fazendo assim a relação entre o passado e o presente.