Historiador reúne provocadores ensaios a respeito do estruturalismo e de suas relações com a história

História intelectual e epistemologia da história são os grandes temas que o historiador François Dosse aborda em A história à prova do tempo, que chega à segunda edição revista pela Editora Unesp. O texto veio ao público brasileiro com objetivo principal de suprir uma importante lacuna nos estudos historiográficos do País.

Ao longo de suas quatro grandes partes, o livro, cujo cerne são conferências proferidas pelo autor ao longo dos últimos anos – inclusive no Brasil – e ensaios, desfia as discussões do autor a respeito do estruturalismo e da história (e seu consequente esfacelamento), já trabalhados em obras como A história em migalhas e História do estruturalismo. A primeira seção dedica-se a examinar as “recomposições do sentido em história”, com temas relacionados ao papel da identidade nacional; a segunda aborda as “rupturas em história”, como os eventos de Maio de 1968; na terceira, escreve sobre as desconstruções da historicidade, com Michel Foucault, estruturalismo e pós-estruturalismo; e, por fim, na quarta parte trata do terreno limítrofe da história entre a literatura e a cientificidade, para onde traz Barthes, Lacan, Foucault.

“No campo da história, as interrogações se voltam para a escrita da história, seu estatuto e seus procedimentos epistemológicos, favorecendo um novo diálogo com a filosofia”, escreve Helenice Rodrigues da Silva, da Universidade Federal do Paraná, que assina o prefácio da obra. “Entre as abordagens essencialmente reflexivas encontram-se as questões da narratividade e da escrita da história, questões essas já abordadas, anteriormente, por autores como Paul Ricoeur e Michel de Certeau. É dessa mutação da noção de historicidade do tempo social, dessa nova operação histórica envolvendo o ator e a ação, enfim, dessa recomposição do sentido da história que François Dosse faz o inventário nesta coletânea de artigos escritos nesses últimos anos.”