Publicado no final de 1985, o romance A Idade da Paixão, de Rubem Mauro Machado, foi muito bem acolhido pela crítica e recebeu o Prêmio Jabuti de Romance de 1986. Vinte anos depois, a Editora Bertrand Brasil traz de volta este verdadeiro clássico da literatura brasileira contemporânea numa edição comemorativa revista pelo autor. A história do jovem interiorano que - em 1961, às vésperas da renúncia de Jânio Quadros e da posse da Jango - descobre o amor e as frustrações na vertiginosa capital continua forte e comovente.

"A possibilidade trazia embutido o risco, de que estava consciente, de deformar a fisionomia de uma obra acabada", diz o autor sobre a reescritura. "Assim, postei-me diante dele, mal comparando, como um pintor ante uma tela dada como pronta, disposto a corrigir este ou aquele volume, suavizar este ou aquele excesso, acentuar um colorido aqui e outro acolá, reforçar uma linha aqui, outra adiante. Acredito ter sido bem-sucedido nesse esforço, resultando um livro que se tornou melhor sem deixar de ser o mesmo."

Em A Idade da Paixão, Rubem Mauro Machado cria um texto musical, ao mesmo tempo sombrio e repleto de texturas, para retratar tanto uma idade inesquecível da existência de cada ser humano, quando seguimos à risca o que dita a emoção, quanto uma época marcante da nossa Histórica, com golpes, resistências, disputas política e movimentos estudantis. É o retrato de um passado que, junto de seu personagem principal, caminha em direção ao futuro.