É comum a afirmação, seguida de muitas justificativas para isso, de que a leitura é importante na formação das crianças e dos adolescentes. A mais bonita e potente delas nem sempre figura na lista de benefícios que os livros, dizem, garantem aos pequenos e aos jovens: o encontro e a acolhida que as histórias e seus personagens oferecem aos leitores e às suas inquietudes. Esse acolhimento, que nos bons livros é generoso com nossas alegrias e tristezas, e em todas as idades, está no coração de A menina que matou o gato, na coragem com que as palavras de Sônia Barros e as imagens de Simone Matias nos convidam a experimentar as perdas e as dores que nos fazem quem somos e nos ajudam a crescer, dia após dia. Entre voos e mergulhos, nos colocamos ao lado da menina em seu luto, e com ela, nos abrimos a Clarice e a muitas outras narrativas que, guardadas nas estantes das bibliotecas, esperam pelo encontro e pela partilha de experiências em nossa cotidiana descoberta do mundo.