O tema das paixões ocupou com certa regularidade as páginas dos filósofos ao longo da história, se ajustando aqui e ali à multiplicidade de enfoques e diferentes olhares. Em todas as épocas, porém, o que parece ter comumente impelido os filósofos ao estudo das paixões foi aquele interesse maior e mais fundamental, abreviado no célebre socrático e ciceroniano “conhece-te a ti mesmo”, ou seja, o conhecimento do próprio homem, considerado por muitos o cimo da sabedoria humana, pois dele decorreria, como resultado, o conhecimento da melhor conduta de vida e do como alcançar a felicidade interior. Essa é também, de certo modo, a contribuição teórica pretendida com este livro, isto é, das múltiplas abordagens a propósito das paixões, reunidas nestas páginas segundo um amplo recorte histórico-filosófico, que da antiguidade clássica chega ao pensamento moderno passando pela Idade Média e o Renascimento, reencontrar o “humano” na condição de fenômeno complexo: mistura desuniforme de razão e vontade, livre-arbítrio e determinismo natural, um ser autônomo, moral, com certeza, mas não a ponto de não se deixar afetar pelos objetos exteriores, deseja-los e rejeitá-los.