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OBJETO
DE DESEJO
«Encontramos, sem dúvida, em A Tempestade algumas
características do género literário utópico. A chegada à
ilha dos novos habitantes é precedida por um
naufrágio — artifício narrativo recorrente na literatura
utópica — que evoca, a nível simbólico, o afundamento
dos valores da sociedade real; a tempestade permite a
ablução dos viajantes de uma vida regida por imagens
falsas, sendo o processo de purificação completado
pela acção do fogo que atinge a embarcação; e a ilha, a
que é habitualmente associada a figura geométrica
mais perfeita — o círculo, que não tem quaisquer
arestas —, apresenta-se como um local de encontro
com o Outro, privilegiado porque desconhecido e
isolado do resto do mundo. Importará, contudo,
analisar criticamente estas circunstâncias que
aproximam A Tempestade da literatura utópica, e ter
em conta pelo menos três aspectos essenciais. O
primeiro prende-se com a comunidade (de três
habitantes: Próspero, Miranda e Calibã) que vive na
ilha e que se rege por valores iguais aos da sociedade
real. Com efeito, mais do que a descoberta de formas
alternativas — exequíveis ou não — de organização
social — e que, como lembra Krishan Kumar, de nem o
“modo utópico”
—, o que ressalta da peça shakespeariana é a vontade
de exploração de percursos humanos
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