Ao longo de uma conflituosa coexistência, um casal consegue despojar-se de tudo aquilo que durante décadas os une e simultaneamente separa. Não são Abelardo e Eloísa, nem Romeu e Julieta; não são amantes célebres, pelo contrário: apenas dois náufragos, dois pobres protagonistas do nosso tempo. Sérgio Pitol recorre à doçura sentimental do bolero e à crueldade macabra que marca indelevelmente o humor popular do seu país, e combina esses elementos numa visão muita própria, ousada e romântica, na realidade novelesca. A Vida Conjugal é uma narrativa que fecha um ciclo - um tríptico, segundo o autor - que inclui El desfile del amor e Domar a la divina garza. São três romances autónomos. Os seus vasos de comunicação estão misteriosamente dissimulados. Existe, no entanto, uma irradiação comum, um tom carnavalesco, irreverente, trocista e disparatado que os atravessa. O amor, excluído nos romances anteriores, surge aqui como tema final de um jogo, grotesco, cómico, infeliz, talvez paródia e dança macabra, talvez simplesmente amor.