Deste modo, Vera Zimmermann opera viradas teóricas por meio de considerações exaustivamente clínicas. Retira o psicanalista de seu consultório e de seus dispositivos “técnicos” mais habituais sem fazê-lo perder, pelo contrário, a singularidade de seu modo de pensar. Assim, a psicanálise se instala mais como maneira de pensar – defendendo de forma radical a singularidade daquilo que pensa – do que como uma “teoria” tal ou qual. Um modo de pensar com teorias, porém, um modo que as transcende. […] Por isso tudo honra-nos deixar este livro nas mãos do leitor (não só psicanalista, a qualquer profissional que trabalhe com adolescentes pode e deve interessar-lhe), pois se constitui numa aposta ao ato, aposta feita em prática, no porvir vivente da psicanálise além – porém não sem – seus dispositivos mais historicamente consagrados. O texto não se opõe à tradição, a desborda e a suplementa na melhor tradição de uma Maud Mannoni na hora da educação impossível.

Ricardo Rodulfo e Marisa Punta Rodulfo (Buenos Aires, 2007)