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AGUA DE BARRELA



AUTOR: Eliana Alves Cruz
EDITORA : Malê| Saiba Mais…
produto disponível
De: R$ 62,00 Por: R$ 55,18 Em até 3x sem juros
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DE DESEJO

As muitas mulheres negras presentes no romance Água de barrela, de Eliana Alves Cruz encontram no lavar, passar, enxaguar e quarar das roupas das patroas e sinhás brancas um modo de sobrevivência em quase trezentos anos de história, desde o Brasil na época da colônia até o início do século XX. O título do romance remete a esse procedimento utilizado por essas mulheres negras de diferentes gerações e que garantiu o sustento e a existência de seus filhos e netos em situações de exploração, miséria e escravidão. A narrativa inicia-se com a comemoração do aniversário de umas das personagens após viver um século de muitas lutas, perdas, alegrias, tristezas e principalmente resiliência. Damiana, personagem central para a narrativa, cansada das batalhas constante e ininterruptamente travadas pela liberdade, se vê rodeada por sua família e se recorda dos tempos de lavadeira.

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DADOS DO PRODUTO



título : Agua de barrela

isbn : 9788592736408
segmento específico : ROMANCE BRASILEIRO
idioma : Português
encadernação : Brochura
formato : 15,7 x 23 x 1,8
páginas : 324
ano de edição : 2018
ano copyright : 2018
edição :

AUTOR : Eliana Alves Cruz

AVALIAÇÕES


Fotografias da vida negra brasileira
Donato
Livro importante para compreensão da origem do conflito socioeconômico, moral e ético imposto pelo modelo escravagista branco e latifundiário monocultor brasileiro. Seu mecanismo de sobrevivência e adequação aos novos tempos e sistemas político e econômico, ante a resiliência e o enfrentamento (a este mecanismo de opressão e genocídio) pela parcela negra da sociedade brasileira.

Um Livro que é um curso de ciências sociais
Alcir Santos de Oliveira
Não há o que discutir, uma senhora aula de história! A autora foi buscar, na trajetória dos seus ancestrais, um ótimo “gancho” para mostrar ao leitor, entre outras coisas, como funcionava o processo de captura, transporte e comercialização de pessoas trazidas de África para o Brasil, e aqui vendidas e escravizadas. Até aí, pouca ou nenhuma novidade, embora tenhamos de reconhecer que é sempre importante reiterar essa história, não só para relembrar, mas para que leitores ainda desavisados dela tomem conhecimento. Fato é que o texto, ambientado na Bahia, entre o Recôncavo e Salvador, oferece muito mais, bem mais...
O diferencial deste livro, mistura de romance histórico e biográfico, é a abordagem de toda uma gama de assuntos, todos eles decorrentes do processo de escravização, inclusive fatos pouco conhecidos como, por exemplo, um outro lado da decantada Lei do Ventre Livre, pouco conhecido, ou explorado, até pelos historiadores, que a autora intitula de “Lei dos Ingênuos” já que, na prática, não tinha como funcionar. Com personagens muito bem construídos e estruturados, a exemplo de Firmino -- trazido ainda criança para a Bahia e acaba, dentre outras muitas peripécias, lutando, em troca da libertação, no genocídio que foi a Guerra do Paraguai – desenvolve um sólido enredo, abordando, a par da história de vida dos escravizados, o processo de decadência do ciclo da cana de açúcar, à época o sustentáculo da economia baiana.
Encontramos aqui um curioso paralelo. Em Fogo Morto, Lins do Rêgo mostra esse processo pelo ângulo dos senhores; aqui Eliana aborda pelo lado inverso, o dos escravizados. Portanto, a autora não se limita a desenvolver um enredo, faz, também, valiosas análises sócio-econômicas e políticas, brindando o leitor com algo mais que a história dos seus antepassados.
Outro aspecto interessante diz respeito, a história política do Brasil, dominado, desde sempre, pelos mesmos. Eliana comprova esta tese. Os sobrenomes, extensos e pomposos, de condes, marqueses, duques e barões da monocultura açucareira, estão presentes na atualidade, ocupando postos de destaque nos diversos setores da sociedade, especialmente em cargos públicos. Quem quiser comprovar o que se afirma vai ter de ler o livro. Aí, especialmente se morar na Bahia, vai encontrar uma série de sobrenomes conhecidos.
Água de Barrela oferece mais, bem mais, se, de um lado, com a Lei Áurea, os oligarcas da economia açucareira viram seus empreendimentos e fortunas fenecerem, os “libertos” se viram perdidos, pois não estavam preparados, em nenhum aspecto, para a nova vida. Alguns invadiram as cidades e tiveram de enfrentar a má vontade das autoridades e a violência de policiais despreparados; outros conseguiram pequenos pedaços de terras, nas franjas dos latifúndios onde se dedicaram ao plantio de culturas de ciclo curto, produtos alimentares; mas o fato é que tiveram, todos, de se reinventar, no limite da sobrevivência. Uns como vendedores ambulantes, capoeiras, doceiros etc, outros na agricultura de subsistência. Ainda assim muitos optaram por permanecer a serviço dos seus antigos senhores, fazendo serviços domésticos como cozinhar, lavar, arrumar, em troco de míseros salários, num tempo em que não existia CLT, nem 13º, férias e FGTS.
Em suma, a autora carioca, mas com raízes assentadas no Recôncavo, ainda amargando o processo de decadência, fez do seu romance um clássico do nosso tempo. Uma aula de história e sociologia, sem falar dos aspectos econômicos explorados.

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