Há mais de 10 anos envolvido com o tema da saúde, o fotógrafo André François completa mais um trabalho, dessa vez, retratando como vivem os brasileiros que enfrentam a hanseníase e o estigma da doença. Ainda hoje, cerca de 30 mil brasileiros são diagnosticados com hanseníase por ano em todo o país.

André viajou o Brasil em busca de histórias emocionantes que pudessem tocar outras pessoas e provocar a discussão acerca da hanseníase. “Logo nos primeiros contatos com os pacientes descobri o quanto a questão física era importante para eles, principalmente porque é ela que provoca o exílio social. O pudor da exposição pública e o medo da reação das pessoas fazem com que muitos se escondam, vivam trancados dentro de casa e de si mesmos. Somado a isso, vem a dura realidade do tratamento que, embora extremamente eficaz, provoca várias reações adversas e muitas dores pelo corpo. E, por mais incrível que possa parecer, esse turbilhão de sofrimento é justamente o que aflora a sensibilidade dessas pessoas, que faz com que sejam extremamente doces e acolhedoras com quem as trata de igual para igual, com quem não tem medo do toque, da aproximação física, do olho no olho”, relata o fotógrafo.

O design do livro acompanha o conceito de como é lidar com a hanseníase: a aspereza da doença, contrastando com a delicadeza das pessoas retratadas. Por isso, tanto a capa como algumas páginas do livro foram feitas em craft, um papel rústico com toque texturizado. Além do ensaio fotográfico, o livro conta ainda com textos de especialistas sobre a doença, como Marcos Virmond, cirurgião em reparação e reabilitação de hanseníase e diretor técnico do Instituto Lauro de Souza Lima, centro de referência em dermatologia e hanseníase; Rosa Castália, médica sanitarista e coordenadora geral do Programa Nacional de Hanseníase do Ministério da Saúde e Jarbas Barbosa, médico e Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.