O que emerge da filosofia de Aristóteles em face das questões que enfrentamos? Aristóteles é o paradigma do fenomenologicamente correto. E correto não apenas na facilidade ontológica de dizer o mundo tal qual ele é. Correto também praticamente, porque os seres humanos que ele nos descreve vivem num mundo comum, poética e politicamente apresentável, no sentido de respeitável. Diante disso, Barbara Cassin interroga essa bela imagem a partir das inconsistências e dos hiatos que Aristóteles, por muito honesto, não busca esconder. É possível dizer o mundo? Mas e o salto entre o que sentimos e o que dizemos, entre a lógica da sensação e a da sentença? Falar em homem? Mas e os homens, os sofistas, os escravos, as mulheres? Isso não vai dar certo. Ao tomar o lógos como fio condutor, vê-se Aristóteles a trabalhar, ao mesmo tempo, com e contra os saltos e as passagens que a língua grega autoriza, língua que desde sempre se classificou rapidamente como fenomenológica. E desse modo Aristóteles se permite deixar contar menos pelos contos da fenomenologia ordinária. O AUTOR BARBARA CASSIN, doutora em letras e diretora de pesquisa no Centre Nationale de Recherches Scientifiques (CNRS, paris), é filóloga e filósofa. A partir dos antagonismo, antigos e modernos, entre sofísticas, retóricas e ontologias, ela trabalha as relações que os filosófos mantêm com sua língua. DESTINATÁRIOS Professores e estudantes de filosofia em nível de graduação e pós-graduação e interessados em filosofia em geral.