Os problemas e as tendências da teoria e da crítica literária de nossos dias têm, em João Alexandre Barbosa um analista profundo e independente, que leva sua reflexão para além dos ideologismos e dogmatismos de moda, ao encontro da especificidade estética das criações e multiplicidade fenomenal das realidades poéticas enquanto expressões simbólicas e formais da temporalidade histórica. É o que se reflete, basicamente, nos ensaios reunidos em As Ilusões da Modernidade. Neste conjunto de trabalhos, cada texto é um exemplo de um levantamento crítico, cujos instrumentos principais são a precisão de leitura, a agudeza de interpretação e a amplitude de conhecimentos. O resultado é que cada um deles, em sua exploração exegética, abre ao leitor relações e significações que nem sempre pôde perceber num contato menos avisado, desenvolvendo e aumentando o seu poder de penetração nos sentidos e implicações contidos nas obras e autores enfocados pelo ensaísta. Mas não fica aí, no âmbito particular de cada objeto de análise, o interesse dos estudos ora publicados. Pois, e o que não é menos importante, todos eles, quer falando de Mallarmé ou de Haroldo de Campos, quer de Valéry ou João Cabral de melo Neto, focalizam e discutem, a seu modo, um tema, ou melhor, uma preocupação que lhes é comum. A partir de seu ângulo específico, e sem descentrá-lo por considerações extrínsecas, levantam e examinam um problema que, sem dúvida, é dos mais importantes na discussão teórica e crítica no campo da produção literária e de suas reverberações. É o do papel da historicidade da emissão-recepção da obra poética como produto da história, que gera um mundo por si e além dela – um mundo que sendo essencialmente representativo de si próprio o é, por este mesmo fato, do mundo histórico. E para este debate os elementos que João Alexandre Barbosa proporciona neste livro são, indubitavelmente, dos mais esclarecedores e valiosos.