Café-da-manhã dos campeões é o presente de aniversário que Kurt Vonnegut ofereceu a si mesmo ao completar 50 anos. O livro aborda o encontro inusitado de dois homens: Kilgore Trout, escritor de ficção científica, e Dwayne Hoover, um vendedor de carros que está à beira da loucura por levar ao pé da letra as histórias de Trout, personagem preferido e alter ego de Vonnegut.
Dwayne acredita ser o único humano numa Terra dominada por robôs, o único a ter livre-arbítrio, e por isso acaba internado em um hospício. Trout fica abalado por perceber que inclusive ele, com um livro de idéias ruins, pode trazer o mal para o mundo e se torna um fanático da importância das idéis como causas e curas de doenças.
Este improvável ponto de partida desencadeia uma narrativa que mescla ficção científica a uma forte crítica social, permeada por comentários do autor sobre os mais diversos assuntos, desde o descobrimento da América até divagações sobre o significado da passagem do tempo, culminando em um relato supreendente e original. O escritor, ele próprio personagem do livro (publicado pela primeira vez em 1973), discute ainda questões como liberdade, racismo, guerra, sexo e política, abusando da sátira e do humor negro. O texto é ilustrado com desenhos de Vonnegut que, com ironia, mostra por exemplo a figura de uma vaca e a de um hambúrguer, para explicar como a carne havia chegado ao pão do clássico lanche americano.