Por:
R$ 50,00
Em até 3x sem juros
Adicionar
à sacola
OBJETO
DE DESEJO
Passando pela imagem, superfície até chegar a alguma essência, até bater de frente ao concreto. A poesia de Diego Ruas que já foi gula e revolta em seu último trabalho, “A fome é mãe de todas as bombas” aqui pretende atravessar a pele ao encontro daquilo maciço e oco ao mesmo tempo. Nascido em Brasília, sua poesia se alimenta das contradições, do cerrado e das disputas de poder no coração da política brasileira. É nesse território que o poeta mergulha em si através do “espelho” passando pela “pele”, “carne” até chegar aos “ossos” que são os capítulos marcantes desse caminho.
A trajetória revela os olhos atentos ao eu, céu, águas, pássaros e ao tempo.
O livro nos mostra um rasgar de peito, a carne cansada, a destruição da imagem pra colar os cacos. Pancadas não são capazes de desejar ser outro, mas atiça a vontade de artesão. Em “Kintsugi” “encaixou cada peça com cola, pó de ouro e precisão cirúrgica.” O poeta tem preferência pelo que é remendado. Narra seus inícios, recomeços: “cicatrizes tem dom de aurora”.
Em “A vida não é uma colônia de férias” desenha a continuidade da estafa em meio de nosso caminho terreno. Fecha o poema como projeta a vida, afirmando a esperança em meio a tragédia. Qualidades de um bom poeta, militante. Fazer a persistência da descrença ruir em confronto com a teimosia do esperançar. “Quando damos aquele algo a mais/ que nem sabíamos ter, / é que seremos aquilo que nunca poderão tirar de nós”.
E o que os poderosos, o tempo e o coração partido não podem nos roubar? O que fica? Aquilo que é tão único e tão coletivo quanto nossa existência, nosso nome em meio a classe, esculpido na pedra e na história, a arte. Aquilo que nos impregna os ossos.
Leia mais…