CHUVA NEGRA
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OBJETO
DE DESEJO
Mais um clássico da literatura nipônica chega às livrarias brasileiras com tradução direta do japonês pela Estação Liberdade: Chuva negra (Kuroi Ame), a principal obra do escritor Masuji Ibuse.
Publicado originalmente em 1965, o romance revela como a experiência traumática da bomba atômica que atingiu Hiroshima em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, permanece atual como expressão dos vários reflexos de um evento atroz na experiência pessoal de cada vítima e na história da humanidade em geral.
A ferida aberta pelo desastre decorrente não afasta o temor de qualquer possibilidade de que algo semelhante volte a ocorrer, fantasma que ressurgiu este ano com o desastre nuclear de Fukushima. Enquanto editores envolvidos com o Japão, estamos cientes de como o espectro de Hiroshima paira sobre Fukushima, e ainda assim é necessário abordar a questão com cautela, pois qualquer oportunismo seria indecoroso. O lançamento estava previsto desde muito antes do atual acidente. Em contrapartida, descartamos não lançá-lo.
Na trama, passados quase cinco anos da explosão, Shigematsu Shizuma e sua mulher, Shigeko, ambos com os sintomas daqueles que foram expostos à radioatividade, tentam arranjar um casamento para a sobrinha Yasuko. O boato de que também ela estaria contaminada, porém, afasta os pretendentes. Para provar que os comentários são infundados, o tio decide transcrever o diário da sobrinha daquela época, além de seu próprio e o da esposa, mas os escritos provam que a jovem esteve sob a chuva negra a caminho de Hiroshima.
Suprimir ou não essa informação? E o que não estaria registrado a tinta pelo tio no novo manuscrito mudaria os rumos da história esboçada por aquela outra tinta que caiu do céu e se inscreveu no sangue de Yasuko? Chuva negra também se tornou um marco do cinema japonês. Foi adaptado para as telas pelo diretor Shohei Imamura (1926-2006), em 1989. Recebeu menção especial no Festival de Cannes em 1990.
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