CIDADE EM CENA: O ATOR VASQUES, O...(1839-1892)
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OBJETO
DE DESEJO
O ator e dramaturgo Francisco Correa Vasques era mestiço, de origem modesta, abolicionista, cronista e integrante das rodas boêmias do Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX. É acompanhando esse protagonista, que nasceu em 1839 e faleceu em 1892, que a historiadora Andrea Marzano traça um panorama da atividade teatral, da vida cultural e dos conflitos presentes na cidade.
O livro trata de um importante momento do teatro carioca, que vai do sucesso do repertório romântico e melodramático da companhia de João Caetano ao avanço dos gêneros ligeiros – revistas, operetas, óperas cômicas, vaudevilles e outras formas de teatro musicado. Essa passagem, estreitamente relacionada à formação de uma embrionária indústria do entretenimento, expressa e conduz uma crescente diversificação da população carioca, que criava platéias cada vez mais amplas e heterogêneas.
Vasques personificou em sua trajetória o importante embate entre a necessidade de agradar o público e o desejo de civilizá-lo, a contradição entre uma visão idealizada da arte e a profissionalização da atividade teatral. De mãos dadas com os conflitos no universo teatral, este livro aborda as inovações na imprensa e a valorização das crônicas e seus cronistas – todos elementos fundamentais na formação de uma cultura urbana que, compartilhada por diversos segmentos sociais, era apropriada e manipulada de diferentes maneiras.
Investigando o comportamento dos freqüentadores de camarotes, platéias e torrinhas, a autora rediscute a imagem elegante e aristocrática associada aos teatros em romances do século XIX, desconstruindo a idéia de uma sociedade polarizada entre senhores endinheirados e escravos despossuídos. As diferentes opções de entretenimento, que envolviam espetáculos em espaços diversos como os circos e as festas populares nas ruas, largos e praças, possibilitavam que grande parte da população carioca tivesse acesso às peças produzidas na época. E mesmo os teatros elegantes tinham ingressos mais baratos, podendo ser freqüentados por um público que não se restringia às famílias abastadas que ocupavam os camarotes.
Ultrapassando os teatros, a rua também é cenário deste livro – principalmente a do Ouvidor, palco de confraternizações e discussões para toda classe jornalística e letrada. Vasques participou ativamente da roda dos boêmios e, como eles, também utilizou a pena como arma de combate. Foi nas páginas do Jornal do Comércio em 1867 que expôs suas discordâncias com o empresário Furtado Coelho. Através da troca de acusações entre ambos é possível perceber alguns dos principais conflitos que marcavam as discussões daquela época. Os preconceitos sociais e raciais, o choque entre uma visão idealizada da arte e a profissionalização da atividade teatral, a contradição entre a idéia de civilizar o público e a necessidade de corresponder às suas expectativas afloram e fazem dessa polêmica um rico material.
Apesar de investigar a vida de Vasques, este livro não é uma biografia. Ao invés disso, explora a trajetória do artista como um caminho para o estudo do universo teatral e da cidade na segunda metade do século XIX, esperando assim contribuir para novos questionamentos e reflexões sobre os assuntos abordados.
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