Em plena ditadura e contracultura, drogas, revolução sexual e feminismo, Claudinha, insubmissa, se insurge, se agiganta, se envolve com um homem mais velho e com ele vivencia jornada íntima de sedução, configurando-se assim em precursor ícone da "nova mulher", a exigir vez e voz e respeito por seus ancestrais e inalienáveis direitos e aspirações.
Avassalador e perturbador, o Claudinha fez história ainda durante a problemática gestação de alto risco e o imediato pós-parto: Sim, sinto-me impelido a breve relato de sua dramática gênese:
Não bastasse a enfática e pairante damóclea ameaça da inspiratriz me assassinar na própria noite de autógrafos, caso eu desse publicidade a suas inconfessáveis confissões, o original da primeira versão, 420 páginas, foi retalhado e incendiado por delirante, mas privilegiada, ledora sobre nossa cama nupcial. Eu, atônito e afônico, paralisado.
Anos transcorridos, cicatrizado da funda ferida, reescrevi de memória 220 páginas. Após apor o ponto final, entretanto, outra igualmente privilegiada ledora, acometida por insano furor, com elas se trancou no banheiro e, enquanto eu gemia de agonia (sim, também eu conheci, na carne, as abomináveis dores do parto), foi rasgando, atirando no vaso sanitário e apertando a descarga.
O tempo, que (tenha certeza!) a tudo cura, me curou também e assim recriei cento e poucas páginas que, escaldado, 1 x prontas, tranquei no cofre-forte de um amigo, à espera do prelo.
Publicado, sem que a desejada promessa de assassínio cumprida fosse, e agora republicado, o Claudinha está à disposição de sua prazerosa avaliação. Mesmo fraturado, peço, não seja indulgente comigo.