Um livro pra lá de bom!
Alcir Santos de Oliveira
Um excelente romance de suspense. Do tipo que a gente só consegue largar quando acaba. E ainda assim fica com aquele gosto de “quero mais”. O autor tem muita habilidade e competência. Tece uma rede que envolve e seduz, graças a bem dosada combinação de temas eternamente presentes na história da humanidade, quais sejam poder, intriga, política, vaidade e ambição, sem deixar de lado seus efeitos sobre os envolvidos e, também, sobre tantos quantos possam direta ou indiretamente sofre as consequências dos resultados. O ponto de partida é a sucessão papal. O Papa, antipatizado pela Cúria, mas benquisto por grande parte dos fiéis graças as suas posições reformistas e voltadas para as demandas sociais, está morto. Cento e dezoito cardeais estão habilitados a participar do Conclave que escolherá, dentre eles, aquele que será o novo Chefe da Igreja Católica. Aí começa o desenrolar da ótima trama traçada pelo autor. Bem informado sobre as questões técnicas e burocráticas que norteiam a realização de um evento da espécie, ele vai desdobrando o enredo, atiçando a imaginação do leitor, jogando pistas para todos os lados e, assim, surpreendendo a cada página.
São muitas as questões em jogo. Questões que envolvem um mundo de interesses de ordem política e social, não só na Europa como no resto do planeta. Na vitrine as alternativas mais evidentes: um papa negro, um conservador extremista, um reformista e um moderado. Robert Harris, num texto ágil e bem ordenado, vai desenrolando o novelo e o leitor segue junto, às vezes meio entontecido com as reviravoltas retrocessos, às vezes ávido pelo que virá no próximo paragrafo ou na próxima página. E assim é conduzido até o inesperado desfecho, a sagração do novo pontífice, num final de tirar o fôlego, totalmente imprevisto e que deixa o leitor atônito e feliz pelo envolvente livro que acabou de ler.
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