CORAÇOES GENTIS: SEIS HISTORIAS DE AMOR
produto disponível
De: R$ 55,00
Por:
R$ 48,95
Em até 3x sem juros
Adicionar
à sacola
OBJETO
DE DESEJO
Retornando à ficção depois de "Sapatilhas de Satã", publicado em 1986, Eduardo Neiva estreia como contista pronto. Nele, o relato tem harmonia, unidade, coerência de forma, mas ao mesmo tempo pergunta ao leitor se é isso mesmo. Conjuga em grego a pergunta, o que quer dizer: ironiza. Fazer isto em texto literário é, às vezes, como botar passarinho na gaiola. Que faz Neiva? Voa junto.
Neiva é um escritor irônico. Criando, ficcionalizando, ele parece dar rasteiras seguidas em suas próprias diatribes lógicas de professor, em que se pressentia, pelo menos para quem o leu com atenção, um meticuloso designer da razão.
Corações Gentis é muito que bem outra coisa. Erudito que se diverte com a própria erudição, Neiva vai buscar no leit-motiv medieval e pós-medieval do cuoregentile de Dante em Vita Nuova a centelha para estes seis contos em torno da experiência amorosa, seja em seus matizes benignos, seja no que também convoca algo de “dantesco”.
É essa convocação que parece irônica, por interpelar o leitor a que partilhe um sentido segundo da letra. A ironia, de fato, só se faz na escuta. Com Neiva, porém, o objeto ironizado não é exatamente o saber letrado, mas a própria letra do saber, ou o discurso em que algo se transmite. É uma escrita autoconsciente no sentido de que reflete, sem pretensões de metalinguagem, sobre procedimentos narrativos, limites da ficção, isto é, os limites do real e do imaginário.
Assim, não são tão gentis os corações perfilados por este escritor.
Leia mais…