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OBJETO
DE DESEJO
Neste Dois em Um podemos observar nitidamente está síntese sendo construída por Alice Ruiz S durante toda a década. Nos poemas mais antigos como os de Até 79 e nos de seu livro de estréia, Navalhanaliga, a poeta oscila entre os poemas engajados repletos de intertextualidade paródica, bem a gosto da Poesia Marginal, como “Drumundana” e poemas com uma organização visual claramente inspirada na Poesia Concreta, como “Bem que eu vi”. Nestes textos do inicio da década, em que o teor feminista é mais presente, a poeta ainda oscila entre os dois pólos, mas já encontramos momentos de síntese perfeita, como em “nada na barriga/navalha na liga/valha”.
Já a partir de Pelos Pelos a poeta encontra sua dicção definitiva.
Acrescentando à síntese do que melhor se produziu na poesia brasileira nos trinta anos anteriores uma pitada de orientalismo zen e uma boa dose de sensibilidade para captar alguns dos grandes pequenos dramas do seu tempo, Alice Ruiz S constrói, com sutileza e sem alarde, a mais fina poesia do seu tempo.O Poeta é a “antena da raça” como o disse Pound, e Alice antecipa em muito questões cada dia mais atuais,como a crescente incapacitada de se sentir algo, o progressivo entorpecimento geral que se discute em poemas como: “lembra o tempo/em que você sentia/e sentir/era a forma mais sábia/de saber/e você nem sabia?”
Por tudo isto, e muito mais, é que este é um livro fundamental e indispensável: enquanto houver alguém que sinta, haverá lugar para quem emocione tanto, com tanta sutileza e rigor, inventividade e precisão, quanto Alice Ruiz S.
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