Ensaio sobre os limites de uma teoria semiológica da comunicação, originariamente a tese de Doutorado em Comunicação de Silnei Scharten Soares, centra-se na discussão sobre e em torno do paradigma estruturalista, observando o modo como se desenvolveu, estabeleceu-se, e o particular impacto que o estruturalismo obteve no âmbito das Teorias da Comunicação. É um livro que possui vários méritos: além de muito bem concebido e construído, tanto do ponto de vista da organização quanto da proposição do tema, é fluente, muito bem escrito, com uma prosa fácil, e argumentação forte e consistente. O texto traz um aporte muito importante à ampliação do debate sobre teoria e epistemologia da Comunicação. Merece destaque o modo como assume o ensaio com força e arranjo metodológicos. É outro acerto, que repercute sobre os esforços investigativos desenvolvidos na área. É obra que pode interessar não só a professores, alunos e estudiosos em geral, voltados à compreensão dos fenômenos midiáticos e à conformação dessa área de estudos, em diferentes etapas de formação, como àqueles, de outros recantos disciplinares onde o estruturalismo também fez morada e deixou marcas profundas, ainda hoje, presentes e determinantes. Chamo atenção para o tom combativo e envolvente da argumentação teórica, a franca posição assumida e o modo como vai opondo o que chama de tradição menor e tradição maior dos estudos semióticos. É justamente a partir do universo de questões semióticas - tendo a teoria dos signos de Charles Sanders Peirce como núcleo e base de operações - que as teorias da Comunicação, o campo da comunicação como um todo e o abrangente paradigma estruturalista são pensados e confrontados. O que resulta daí é um competente estudo crítico, que se abre à discussão e a provoca como poucos.
Fabrício Lopes da Silveira Doutor em Comunicação Professor do Centro de Ciências da Comunicação da Unisinos.