Para quem quer saber como se formou o Brasil
Alcir Santos de Oliveira
Indispensável. O autor, num texto acessível, direto, em capítulos bem definidos e integrados relata, lastreado em farta bibliografia, o processo de escravidão desde as civilizações mais remotas, até o século XV, quando se transformou em atividade econômica de ponta, levando de roldão sociedades inteiras, a exemplo dos nativos brasileiros e, também, de etnias e culturas africanas. Cabe destacar, sempre de acordo com Laurentino, que o processo de escravidão sistemática, fundado basicamente no tráfico de pessoas, teria sido o mais constante e ordenado de toda a história, até o século XIX quando foi formalmente extinto. Graças a ele foi possível implantar, desenvolver e manter culturas e atividades econômicas como cana de açúcar, café e exploração mineral como ouro e prata, nas Américas, incluindo Caribe.
Cabe destacar que a leitura não é amena. Muito pelo contrário, tem capítulos terríveis, relatos que nada ficam a dever aqueloutros que já lemos sobre os campos nazistas e stalinistas. Conheço pessoas que preferiram deixar para depois da quarentena. Talvez seja uma opção sensata, nesses tempos de ansiedade e angústia. Mas isso não implica dizer que o livro não deva ser lido. Muito pelo contrário. Deve ser lido, sim. E que cada leitor exercite seu senso crítico, a partir da sua formação cultural. Afinal a imagem de instituições como a Igreja Católica, os Jesuítas e de figuras quase míticas como Nóbrega e Vieira saem bem tisnadas das páginas do livro, Isso sem falar dos governadores gerais, bandeirantes e outros menos votados.
Um livro, portanto, que deve ser lido e guardado para consultas eventuais e empréstimos a quem tenha o hábito de devolver.
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