Eis um livro que escapa a qualquer rótulo ou classificação. Talvez como a música, que é difícil de explicar com palavras, esta obra de estreia de Eduardo Heringer na literatura se vale dos mais diversos elementos – poéticos, ensaísticos, filosóficos, matemáticos, imagéticos, históricos, existenciais –, da vasta babel das línguas até os múltiplos sentidos que cabem nos desenhos ou nas fotos, passando por artigos jurídicos e prosaicos anúncios de imóveis, para criar este originalíssimo “Manifesto da escola artística do Alto da Boa Vista” que contrapõe a floresta ao infinito concreto que nos invade a cada dia, propondo a fundação do “altismo” para a elevação do espírito humano. O coquetel de referências vai de Nietzsche a Arthur Bispo do Rosário, de Brodsky a Beuys, de Mozart a Neguinho da Beija-Flor: afinal a Estrada do Excelsior pode ser longa e tortuosa, mas aponta para os caminhos imperativos da arte, e esta nunca tem limite.