Este livro nos traz a um só tempo a história de Eliza, as lembranças da “menina-que-fui” e os pensamentos da “velha-quesou”. Uma narrativa feminina, humana e em três tempos de uma mesma personagem, costurada de uma forma delicada para mostrar este difícil processo que é ser, crescer, amadurecer e envelhecer.

Eliza é uma menina observadora, que sente e questiona a realidade e se intriga com as coisa que não têm fim, como os reflexos em um par de espelhos, os números e o eco. E o tempo, sobretudo o tempo, que passa e não volta, mas onde existimos hoje, ontem e sempre. Nas histórias da “velha-que-sou” vamos conhecer a infância interiorana da “meninaque-fui”, a sabedoria da vó inculta, o enigma da estampa da lata de azeite, os saberes do pai e os sons do eco. Descobrimos que o que não tem fim pode morar no que tem fim e vemos Eliza crescer e se fazer moça, com os sustos e amores da vida.

O texto de Maria Lúcia Martins é leve e fluido, ao alcance de um público leitor jovem e ao mesmo tempo é reflexivo, com enredo e personalidade capaz de cativar o leitor de qualquer idade. As belas aquarelas de Regina Yolanda pontuam o texto e nos transportam para o mundo e o momento da narradora.