Uma abordagem que justifica a leitura
Alcir Santos de Oliveira
Possivelmente Hermann Hesse não traz, em termos biográficos, nada de novo para os que conhecem a vida de Francisco de Assis. O que faz a diferença – e que diferença! – é a forma como ele narra, deixando patente a sua admiração pelo homem feito santo. Assim ele recria, com um jeito todo próprio, a figura do Giovanni/Francesco e as mudanças por que passou até chegar aonde chegou, talvez o santo mais respeitado da história da igreja. Sem dúvida uma história de vida muito peculiar, um exemplo único, capaz de balançar os alicerces de uma Igreja Católica que vivia uma crise de afirmação. E é assim que Hesse nos conta, acrescentando detalhes e informações, os passos do santo, ainda na sua juventude turbulenta, plena de farras, de sonhos e de desperdícios, sonhando em ser um daqueles cavaleiros, cantados e decantados pelos menestréis, que povoaram os sonhos de jovens de muitas épocas até atingir o patamar de vida a que chegou, abrindo mão de tudo para se dedicar aos outros.
Para completar, o ensaio de Fritz Wagner, suficientemente claro e elucidativo, mostrando não só a admiração de Hesse por Francisco, mas o contexto em que o livro foi escrito e, até mesmo, a sua repercussão nos meios acadêmicos e religiosos. Afinal Hesse foi um vencedor do Nobel da Literatura.
Um destaque para as ilustrações, fotos dos afrescos de Giotto na Igreja de São Francisco, em Assis.
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