Para quem gosta do que é bom!
Alcir Santos de Oliveira
Ninguém discute que Padura está entre os melhores escritores do mundo latino. É fato. Quem tiver dúvidas aproveite e leia este extraordinário Hereges. Mistura de romance social, histórico e policial onde discute, também, a condição humana, os sentimentos que elevam e maltratam o homem. Dividido em quatro capítulos muito bem estruturados, tendo como fio condutor um quadro desconhecido, pintado por Rembrandt que aparece na Londres de 2007, o autor monta um texto denso, assentado em bases históricas cuidadosamente pesquisadas.
Resultado, um livro envolvente que ora narra fatos da saga do povo judeu, desde tempos imemoriais, na Europa, com seus momentos de glória, perseguições e extermínio. De passagem, a síntese biográfica de um Rembrandt que vai muito além do artista festejado; mostra, sim, o pintor de talento, mas atormentado, sofrido e persistente. Assim o leitor acompanha, com vivo interesse, o desenrolar da vida de uma família judia, com ramificações na Europa e na América, mais precisamente em Cuba. A par das andanças e articulações de Mário Conde e seus amigos, traça um paralelo entre a Cuba corrupta de Batista e a da desesperança, carências e falta de perspectivas de hoje, com enfoque especial no mundo dos jovens sem futuro, buscando em tribos extravagantes, algum sentido para a vida.
Ao concluir a leitura o leitor percebe que as linhas se interligam, as pontas aparentemente soltas são amarradas e só resta ficar feliz e agradecido por uma leitura de qualidade, sempre com a segurança, a qualidade e a marca de um bom Leonardo Padura.
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