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OBJETO
DE DESEJO
Chamava-se Salomón. Morreu quando tinha cinco anos, afogado no lago de Amatitlán. Era o que me diziam quando criança, na Guatemala. Que o irmão mais velho de meu pai, o primogênito de meus avós, aquele que teria sido meu tio Salomón, tinha morrido afogado no lago de Amatitlán, em um acidente, quando tinha a minha idade, e que jamais tinham encontrado seu corpo. Nós passávamos todos os finais de semana no chalé de meus avós em Amatitlán, às margens do lago, e eu não podia ver esse lago sem imaginar que de repente apareceria o corpo sem vida do menino Salomón. Sempre o imaginava pálido e nu, e sempre boiando de bruços perto do velho molhe de madeira. Meu irmão e eu até havíamos inventado uma reza secreta que sussurrávamos no molhe — e que ainda lembro — antes de pularmos no lago. Como se fosse uma espécie de conjuro. Como se fosse para afugentar o fantasma do menino Salomón, no caso de o fantasma do menino Salomón ainda estar nadando por ali. Eu não sabia detalhes de seu acidente, e tampouco me atrevia a perguntar. Ninguém na família falava de Salomón. Ninguém sequer pronunciava seu nome.
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