No dizer de Antônio Houaiss, em sua apresentação da obra, é na confluência de duas águas, a água da fonte da vida e a água da fonte da beleza, que se trava uma viagem para dizer a perplexidade e angústia com a situação dramática de um povo que não fica com as riquezas que produz. Uma professora muito jovem, um aluno rebelde, uma escola que não sabe lidar com transformações sociais, um projeto político de nação voltado para a manutenção do status quo e um manual tentando entender esse desenho, a um só tempo desvelado e oculto.

Manual de Tapeçaria salta fora dos espaços feminino e didático e vem encontrar na literatura o diálogo capaz de projetar o lado do avesso de um mapa cheio de nós que permita à professorinha ingênua e idealista realizar, como Teseu, sua viagem dentro do Labirinto, já que não se conforma à sina de entregar seus alunos à crueldade do Minotauro.

Sem saída, o aluno Jomar é seu companheiro no longo percurso e, na tessitura de suas falas e ações, vai se delineando a estratégia de um olhar novo e combatente. Ao considerar a construção da obra literária semelhante à das grandes tapeçarias e recuperando, então, a riqueza dos fios individuais que se funde nos grandes painéis coletivos, a autora investe na multiplicidade de vozes e na diferença entre os pontos para criar um texto que, segundo o crítico Malcolm Silverman, traz, embelezada, dura lição de conscientização social. Manual de tapeçaria é ganhador do PRÊMIO RIO DE LITERATURA na categoria Romance.