Vejo a maioria das pessoas procurando fugir, cada vez mais, de um processo inexorável, que é o do envelhecimento. Com os recursos técnico-científicos cada vez maiores, as pessoas procuram adiar o quanto podem a chegada da velhice.

Se, por um lado, cuidar de si é positivo, por outro, exagerar no mito da eterna juventude é negar a realidade. Antes aceitar o processo de envelhecimento. Aceitação não é resignação. É compreender os próprios limites e verificar, com realismo, as possibilidades de uma melhor qualidade de vida.

Na área do desejo sempre somos jovens, embora a ânsia de viver emoções vá passando por uma moderação gradativa e as necessidades mudem. Mas as pessoas, em geral, usam de muitos artifícios para se manterem numa espécie de apogeu ideal, naquela etapa que, quando foi atingida, no passado, representou para cada um de nós, o ápice do encanto, da saúde, da competência, do dinamismo, da iniciativa, do poder decisório e da beleza física- todos, valores que na nossa sociedade são supervalorizados.

É como se houvesse uma necessidade de cristalizar todos esses valores- o que não é possível porque a vida é transformação permanente.