MEMORIAS DO CARCERE: LITERATURA E TESTEMUNHO
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OBJETO
DE DESEJO
Uma interpretação bifocal de Graciliano Ramos - Com Memória do Cárcere, literatura e testemunho, Hermenegildo Bastos realiza um dos trabalhos mais fundamentais e originais, sobre a obra de Graciliano ramos. O traço mais característico de sua investigação constitui em dar voz ao texto analisado, em primeiro lugar. A qualificação literária de Graciliano Ramos deriva do complexo de informações colhidas das diferentes obras do autor de Memórias do Cárcere, buscando entre estas a associatividade e a reiteração dos princípios unificadores. Enfim, obteve-se, assim, a partir da obra memorialística, o conteúdo poemático do conjunto. Em segundo lugar, o ensaísta capta os ecos do contexto em que a obra operou, restaurando, no interior daquela, o que foi projeto e o que se realizou concretamente como textualidade. A parte e o todo se questionam e iluminam, remetem-se a um projeto que se recusa. E mais uma característica se apresenta à leitura do ensaio de Hermenegildo Bastos: a argumentação em tessitura, ou seja, a articulação dos argumentos como um processo cumulativo, a maquinação, em andamento, de um saber globalizador. A lucidez do ensaio de Hermenegildo Bastos reside no estabelecimento dos pontos básicos da tese que se lhe ofereceu. Ou melhor: do princípio que decidiu explorar. E, à medida que o trabalho se desenvolve, voltam as referências básicas, numa dança especulativa como que a compor o arcabouço do edifício conceitual. O leitor logra atingir o final da leitura perfeitamente conquistado pela força argumentativa do ensaísta, acompanhando-lhe o encadeamento lógico. O que é mais interessante é que tal procedimento se realiza como imitação do método narrativo de Graciliano Ramos, que, no vai-e-vem das microunidades do texto, vai tecendo o tapete mesclado de memórias e de imaginação, de crítica social e confissão, de factum e fictum. Talvez a melhor parte teórica do ensaio sejam as considerações sobre a autobiografia. Além de rica e pertinente bibliografia, Hermenegildo Bastos demonstra momentos felizes de pesquisa e observação. Como, por exemplo, aqueles em que compara a cena do menino mais velho, no capítulo "Mudança" de Vidas Secas, com o episódio biográfico de Memórias do Cárcere, capítulo da 3ª parte, em que o autor/personagem caminha arquejando, sob a vigilância dos soldados, em sua mudança para a Colônia Correcional. Ao mesmo tempo, na linha do diálogo da obra com as esferas contextuais, Hermenegildo Bastos aponta, no projeto de Graciliano ramos, o interesse em fixar as personagens excluídas pelo sistema, ou seja, os dominados, sem tintas róseas ou românticas, como era do seu estilo.
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