Este método para tocar bateria é resultado de uma trajetória singular — e de seu processo. Aqui, Percio Sapia lança mão de sua notável experiência como educador que, ao longo de 40 anos de profissão, dedicou-se à sofisticada arte de ensinar.

Sua carreira nos impressiona pela diversidade e especificidade de tudo o que realizou até hoje: aulas, audições, palestras, gravações, discos e performances, conquistas nobres obtidas pelo grande músico e professor que é. A carreira também impressiona pelas personalidades que sempre estiveram ao seu lado, talentos com quem conviveu, estudou e trabalhou ­— Leny Andrade, Alayde Costa e Heraldo do Monte, só para citar alguns.

Em 1976, seu pai, Gilberto Sapia, identificou a vocação do filho mais velho e o matriculou no CLAM, uma das principais escolas de música de São Paulo. Ali Percio desenvolveu e aprimorou seus saberes, monitorado e instruído por dois extraordinários profissionais: João Rodrigues Ariza, o lendário Chumbinho, seu declarado mestre, e Rubinho Barsotti, o avatar do samba jazz paulistano e fundador do Zimbo Trio.

Em 1986, Percio retorna ao CLAM já na condição de monitor, tornando-se, em pouco tempo, professor e supervisor do departamento de bateria da escola. Ele mesmo relembra como foi: “ministrei aulas de segunda a sexta, das 9 da manhã às 21 horas. Já vestia a camisa do CLAM por 23 anos quando, entre a escola, bares e estúdios, tive uma surpresa: recebi convite do próprio Rubinho Barsotti e também de Amilton Godoy para integrar o Zimbo Trio”.

Em seu livro, Percio Sapia apresenta seus pontos de vista e minuciosamente analisa exercícios, fundamentos e ritmos, exemplifica conceitos e ideias, considerando as reais necessidades de todos aqueles que querem começar a tocar ou prosseguir no estudo, na prática de bateria. O material didático selecionado nesta edição é fruto de décadas de ensino, onde professor e aluno puderam entender, juntos, a verdadeira essência do que é primordial no aprendizado do instrumento. Lembrando o que disse o compositor e escritor austríaco Arnold Schöenberg na introdução de sua obra máxima, Harmonia: “este livro, eu o aprendi de meus alunos”.

Não é coincidência o fato de que Percio optou, em seu primeiro método, começar pelo rock, gênero que o capturou num primeiro momento, lá no anos 1970, e que o motivou na decisão de se tornar baterista. Este livro marca o início de um novo ciclo na sua trajetória? Acreditamos que sim e que venham os próximos volumes. Por isso, não perca tempo: estude, toque e desfrute.


Charles Gavin, janeiro de 2021