Em Mímesis: a via longa de uma curta vida, Luiz Costa Lima empreende mais um capítulo de sua pesquisa em torno da questão mimética na literatura Ocidental.

Retomando a via aberta por Mímesis e Modernidade, de 1980, e aprofundada nas décadas seguintes, o percurso aqui tem também um caráter retrospectivo da carreira do autor, que já foi reconhecido por Haroldo de Campos como o maior teórico brasileiro de literatura. Com a sua agudeza habitual, Costa Lima confronta aqui o trabalho de algumas influências formadoras (como Auerbach e Lévi-Strauss), de interlocutores de longa data (como Wolfgang Iser) e mesmo de um ex-aluno (Eduardo Viveiros de Castro). O livro apresenta ainda uma leitura sobre a dimensão ficcional em Dante, sem deixar de comentar fenômenos contemporâneos como a auto-ficção e os memes do mundo digital.

Avesso a respostas fáceis e fórmulas simples, Costa Lima investiga as bases históricas e políticas da nossa sensibilidade buscando “repensar as relações entre o imaginário e o conceitual” com um foco na experiência literária. Mesmo tendo a consciência de que a beleza, como Freud sabia, “não oferece proteção contra o sofrimento”. Este trabalho de peso de um dos grandes teóricos contemporâneos da literatura é um lembrete vivo da importância da especulação estética diante da dissolução social e democrática.