Este livro é o resultado de uma ampla pesquisa realizada pelos autores, pesquisadores do Claves/Fiocruz, sobre a Polícia Civil e os policiais civis. Trata-se de um trabalho pioneiro no sentido de suprir o desconhecimento do público, e mesmo dos estudiosos das sociedades e das instituições, sobre a cultura e os valores dos policiais bem como sobre a própria instituição policial.

Partindo das representações dos policiais civis – pelas quais estes profissionais definem sua situação, estabelecem suas estruturas de relevância e se revelam em suas relações com os outros poderes, instituições e com a sociedade em geral –, os pesquisadores analisam as condições de trabalho, saúde e a qualidade de vida desses servidores públicos. Os autores mostram, assim, que os policiais são brasileiros que vivem as mesmas angústias e esperanças dos demais cidadãos. Não são máquinas, super-homens ou super-heróis, mas profissionais muito mais expostos aos riscos do cotidiano – de serviço ou com sua família – do que a população em geral.

Com esta pesquisa, os autores não apenas demonstram, com dados, uma compreensão da lógica da vida e do trabalho dos operadores da investigação criminal como apontam caminhos para valorizar o papel constitucional destes profissionais, dar-lhes condições de atuar, colocá-los técnica e politicamente à altura de sua missão e aproximá-los da população. Como observa Jorge da Silva, Presidente do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, na orelha do livro, estas metas “são tão importantes quanto modernizar seus instrumentos de ação. Afinal, a investigação, tarefa nobre da atividade policial numa democracia, se faz com pessoas cônscias de sua missão, dedicadas, saudáveis e reconhecidas socialmente. Nada disso acontecerá sem que os policiais sejam valorizados e sem que as políticas públicas para o setor se orientem por um planejamento estratégico não-fragmentado”.