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OBJETO
DE DESEJO
Logo ao iniciar a história, o livro Moleque traz um aviso que poderia assustar os pequenos leitores: “Antes que você comece a leitura, eu quero lhe fazer uma pergunta: Você fala alguma língua africana? Não? E agora? A história deste livro tem MUUUITAS palavras que vieram da África. Elas aparecem destacadas no texto”.
Quem resolve encarar o desafio logo percebe que não é preciso ser fluente em um dos idiomas do continente africano para entender exatamente o que a autora Carmen Lucia Campos está narrando: “Moleque é sapeca e adora uma bagunça. Já escapou de levar um pito só porque é o xodó da vovó”.
E é assim durante toda a narrativa: a história de uma criança comum – que quebra o vaso da sala, recebe o carinho da avó, brinca na rua, joga futebol e toca berimbau – é o passaporte para conhecer (ou perceber) a vasta contribuição africana para a formação do vocabulário brasileiro. O idioma é o português, que ganhou no Brasil uma versão própria, fruto da interação com os adultos e crianças de várias regiões da África que chegaram escravizados, mas que logo se tornaram elemento fundamental da construção da identidade nacional, inclusive de nossa língua.
Cafuné, cafundó, miçanga, tagarela, cangote, caramba, perrengue, zoeira, chilique, trambique, lengalenga e muvuca são algumas das palavras destacadas num texto dinâmico e bem acompanhado pelas ilustrações da venezuelana Valentina Fraiz. Há também contribuições para a gastronomia, como farofa, quiabo e quindim, e para a música, casos de berimbau, capoeira, samba e agogô.
Muito utilizadas pelos escravos africanos, todas essas palavras passaram de geração em geração, resultado da mistura entre o português e os idiomas originais de seus países. As poucas palavras cujos significados talvez não fiquem claros para o leitor estão explicadas em um glossário na parte final do livro. É ali que se descobre que “cabaça” é um tipo de tigela feita com o fruto de uma árvore chamada cabaceira, ou ainda que “banzé” é uma grande confusão. A obra é complementada por um texto de apoio que fala sobre a resistência
negra à escravidão e sobre o legado de desigualdade social e preconceito que não se desmancharam com a Lei Áurea.
A autora dedica o livro às crianças do Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) Gaetano e Carmela, um dos 470 espaços da Prefeitura de São Paulo criados para acolher crianças e desenvolver atividades socioeducativas que estimulem o convívio em grupo e o fortalecimento de laços familiares.
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