MUTIRAO DAS ARVORES: QUEREMOS SOMBRA E AGUA FRESCA
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OBJETO
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O livro escancara as graves consequências que o descaso com as florestas e as mudanças climáticas pode trazer. “Ao leitor, devo explicar minhas qualificações para a empreitada que começa aqui. Afinal, sou um economista que se dedicou à educação e, nos assuntos de meio ambiente, digamos que eu seja um observador qualificado. Nem um leigo completo, nem um profissional de silvicultura ou ecologia. Vejo o assunto com um pé dentro e outro fora da área. Dessa perspectiva, escrevo.” O esclarecimento é de Claudio de Moura Castro e aparece no início dos “Agradecimentos” de O mutirão das árvores: queremos sombra e água fresca, seu novo livro, que acaba de ser publicado pela BEĨ Editora. A obra representa o mais ambicioso resultado das reflexões do autor sobre o maior – e por isso mesmo incontornável – desafio da atualidade: conter a elevação da temperatura da Terra. “Sem desprezar o deleite de uma boa sombra, trata-se de responder de forma contundente à escassez generalizada de água e ao aquecimento global. Embora não seja o único caminho a ser trilhado, a tese é persuasiva: plantar árvores é o melhor remédio para esses males”, atesta o economista.
O envolvimento de Castro com os temas ambientais vem de uma época em que o assunto não tinha no Brasil qualquer traço de prioridade. Quando, no começo dos anos 1970, regressou ao país depois de uma temporada acadêmica no exterior, na qual tomou contato com a ecologia, ele incluiu no programa da disciplina que ministrava no pioneiro mestrado em Economia da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro um capítulo de estudos em torno da questão. “Não demorou para que um aluno, talvez o primeiro da classe, pontificasse com uma declaração furibunda: ‘Ecologia é coisa de americano!’”, relata o autor no livro. “Pouco adiante, esse mesmo jovem foi fazer seu doutoramento em Harvard e voltou ambientalista. (...) É como se a trajetória dele espelhasse a de um bom número de brasileiros. Ninguém se preocupava com tais problemas. As exceções eram vozes perdidas, na contramão das percepções e crenças da nossa gente. Contudo, acabamos por perceber o equívoco. Meu aluno sofreu uma mudança brusca nas suas crenças. A sociedade brasileira anda mais devagar. Ainda assim, vemos emergir mais convertidos e os céticos estão na defensiva”, assinala Castro.
Escrito em uma linguagem cristalina e atenção aos dados científicos, O mutirão das árvores – que, segundo o autor, começou a nascer a partir de uma conversa dele com Luis Norberto Pascoal, idealizador e presidente da Fundação Educar, parceira na produção da obra, e Evando Neiva, um dos fundadores do grupo Pitágoras (Cogna) – escancara as graves consequências que o descaso com as florestas e as mudanças climáticas pode trazer. Prefaciado por Alysson Paolinelli (1936-2023), engenheiro agrônomo que foi ministro da Agricultura e um dos responsáveis pela criação da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), o livro ressalta a importância do Estado para reverter o atual cenário, atuando no papel de maestro de uma concertação ao lado da iniciativa privada e da sociedade civil. Em larga medida, O mutirão das árvores tem o propósito de ser um chamamento à razão em nome da sobrevivência do planeta – e da própria espécie humana.
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