Nós só compreendemos muito depois é o segundo livro de poemas de Laís Araruna de Aquino.

Sobre Nós só compreendemos muito depois, diz o poeta Daniel Arelli:

"Também este livro mobiliza um componente poético que seguramente já estava presente em Juventude, mas que aqui vem à superfície com tal ênfase a ponto de configurar, talvez, seu principal elemento de tensão. Refiro-me ao componente reflexivo, que é como que contraposto, com uma boa carga de interrogação e negatividade, ao impulso de entrega ao “mundo material”. Creio que se pode verificar esse componente reflexivo na arquitetura de vários poemas deste livro, com seu verso bastante alongado, apto às construções elípticas, parentéticas, (auto)reflexivas como os próprios poemas (em geral também mais longos que o padrão do “poema-canção”, que talvez ainda seja o hegemônico entre nós), e também no uso da dimensão imagética e musical da linguagem muito a serviço de sua dimensão propriamente logopaica, que parece preponderar sobre as demais. Esse componente reflexivo, todavia, não se limita à dimensão formal dos poemas, mas se traduz com frequência em um tipo de interrogação de natureza ontológica sobre o ser e o nada, o sentido e a ausência de sentido da existência, a distância entre palavra e coisa e o alcance da linguagem (poética)."