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OBJETO
DE DESEJO
Será que uma história que acontece na UTI de um hospital, em meio a fios e aparelhos, tendo a morte à espreita, pode ser, de alguma forma, alegre? Um livro cujo protagonista é um doente terminal, em coma induzido, pode ter um final feliz? Podem os pensamentos de um velho, aprisionado à sua última cama, cativar os jovens leitores a ponto de despertar neles uma “alegria boa”? Não a alegria espalhafatosa que leva às gargalhadas, mas sim a alegria que nasce na tristeza, naquela tristeza que “rearruma a alma toda, como um belo jarro de vidro polido que a vida nunca tivesse trincado”?
Para ter essas respostas, só mesmo se deixando levar pelas mãos imóveis de H, protagonista de O gosto do apfelstrudel, mais recente livro do premiado escritor Gustavo Bernardo. No leito do hospital, cercado por sua família, o velho patriarca ouve o veredicto do médico: muito provavelmente, chegou a sua hora. O corpo fraco, a idade avançada, as doenças: não há mais o que fazer, só esperar.
Mas ninguém desconfia que, durante essa espera, e apesar do coma, H escuta o que acontece ao seu redor. Tampouco que aquelas nuvens, que há tanto templo nublavam a sua memória, tenham súbito desaparecido. Sua mulher, seus filhos e seus netos com certeza também não sabem que, agora, H não é apenas o velho que está partindo. É também o menino que, décadas atrás, passeava pelo quintal de casa com medo da “selva” do mundo exterior; o que ouvia as notícias da guerra pelo rádio, enquanto seu pai praguejava o misterioso Dummheit; o que achava que Leontina, a empregada mais nova, negra retinta, deveria se chamar “Luzidia”. O garoto um tanto taciturno que passava as tardes a se refugiar nas aventuras de Tarzan nas florestas africanas.
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