Nesse seu O Homem provisório, Cássio Pantaleoni faz o melhor que um poeta pode fazer: enche o mundo de novidades. Não bastasse rechear a terra de coisas novas, nosso poeta ainda nos traz, no bojo de cada descoberta, sempre grandes assombros.
Fazendo uma espécie de inventário do cotidiano, revisitando o colo da amada, a secura da mulher da rua ou as mãos do quitandeiro, Cássio tece vida e obra a um só tempo. Lírico, apaixonado, piedoso e esses são, quem sabe, os adjetivos que melhor qualificam a poesia que aqui se apresenta, o poeta sabe que, embora a condição humana não garanta um posto na posteridade, nada melhor do que a arte para transcender a própria existência.
Poeta com pleno domínio de seus meios, Cássio obtém grande concentração expressiva justamente na desconstrução de formas já consagradas. Mesmo lidando com temas definitivos como a morte, não há desespero, desesperança ou revolta. Tudo, dentro deste livro, faz parte desse homem provisório que somos todos nós. E tudo, dentro desse O Homem provisório, é para enaltecer a poesia e para encher os dias de luz e de muito mais sentido.
Leia e surpreenda-se.
Cintia Moscovich