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OBJETO
DE DESEJO
O ponto do mistério é um romance impactante. Não como sinfonia com diminuendos e crescendos. Mas como música de câmera, triste e mansa, na crueldade de notas dissonantes apenas pressentidas. Joana é uma agonista, uma vítima, o que imprime ao romance ritmo e profundidade peculiares. Inexoravelmente ela caminha para o fim desde que nasceu, atormentada, implícita e explicitamente, pelos múltiplos antagonistas. Antagonista que existe mesmo na figura da avó adorada que, embora seja aliada incondicional, não fornece armas e ferramentas para que Joana reaja. Ao contrário, só sublinha, todo o tempo, a ação nefasta de todos os outros, criando mais angústia, mais medo, mais impotência, mais desejo não satisfeito.Sem a pompa e a circunstância dos heróis das tragédias gregas, Joana é como um deles, já que desde o início da história está condenada a perder. Os heróis gregos sabiam que seriam vencidos pelos deuses. Joana também sabia, sempre soube, só que não sabia lutar. Morria lentamente entre empadas e sexo, únicas armas que tinha mas que não sabia manejar. Vítima de todos os pecados capitais, sem conseguir tirar o prazer que existe neles embutido, ela não peca, sofre a ação dos pecados como se fossem eles, também, seus opressores. Na realidade, o grande protagonista de O ponto do mistério, não é Joana, e sim o tempo que, inexorável, a conduz em ritmo lento para o fim. Sente-se o passar dele em cada página sem que nele se fale. É como se uma frase não escrita estivesse em cada rodapé: o tempo está agindo...Utilizando linguagem econômica e ágil, muitas vezes nervosa,a autora envolve o leitor, do começo ao fim do romance, no vórtice que é a vida de Joana.
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