Furamos a turbulência da encosta da Serra dos Órgãos para enquadrar a Baía de Guanabara com o céu nervoso, atravessamos (com cuidado) bandos de pássaros a fim de perfilar a orla carioca da Ilha Redonda, e flagramos a pesca matinal no contraluz da Restinga de Marambaia. Sobrevoamos a estátua do Cristo dúzias de vezes, de dia e de noite, totalmente encoberta ou chapada no sol do poente; seus arredores, vazios durante as primeiras luzes da manhã, ou lotados em pleno domingo de Páscoa. Traçamos diagonais pelas praias lotadas no fim de semana de Carnaval; encontramos ilhas de Mata Atlântica incrustadas em mares de concreto. Deparamo-nos com a Lagoa a quatro mil metros de altura com suas luzes em contorno de coração; aproveitamos o cair do sol na Praça Mauá, revigorada com seus novos, exuberantes armazéns.