Em um livro que transita entre filosofia e história, e com repercussões importantes em ambas, Arnold Davidson elabora um novo e poderoso método para considerar a história dos conceitos e a natureza do conhecimento científico, um método que ele chama de "epistemologia histórica”. Na visão de Davidson, foi o surgimento de uma ciência da sexualidade que tornou possível, até mesmo inevitável, que começássemos a nos preocupar com nossa verdadeira sexualidade. A epistemologia histórica busca desvendar como essa nova forma de experiência a qual chamamos de sexualidade está associada ao surgimento de novas estruturas de conhecimento, e especialmente a um novo estilo de raciocínio. Assim Davidson mostra como, começando na segunda metade do século XIX, o surgimento de um novo estilo psiquiátrico de pensar as doenças tornou possível, entre outras coisas, definições de perversões sexuais que rapidamente se tornaram lugares-comuns em discussões a respeito de sexualidade. Levando em consideração uma ampla variedade de exemplos, de são Tomás de Aquino a Freud, Davidson desenvolve as lições metodológicas de Georges Canguilhem e de Michel Foucault para analisar a história da nossa experiência com a normalidade e seus desvios.