Tem a marca de excelência do autor
Alcir Santos de Oliveira
“Veneno da Madrugada”. Não é, ressalte-se, do grupo dos melhores livros de GGM, mas ainda assim tem tudo que se pode esperar de um bom romance dele, inclusive a onipresente “solidão”, a sua marca registrada. Mais ainda, desta vez ela está espalhada entre vários personagens que a têm como companheira senão de toda a vida, mas de muitos momentos. Com ela está o Padre Ángel, o Dentista, o Juiz Arcadio e o Sr. Carmichael, além das viúvas e o próprio todo-poderoso Alcaide.
Mas Veneno da Madrugada é, na essência, um romance político que mostra como se forma, ainda que num vilarejo, um autocrata corrupto. Primeiro instala-se na comunidade um clima de medo e apreensão provocado por panfletos anônimos que surgem colados nas portas das casas, sem que ninguém tenha noção de quem sejam seus autores. Instalado o clima fica fácil para o “Alcaide”, um tenente inexpressivo mandado pelo poder central, ditatorial, para administrar a o vilarejo com poderes praticamente ilimitados. Aos poucos vai distendendo suas garras até que, aproveitando-se do clima criado pelos tais pasquins anônimos, decreta o toque de recolher e assim assume o poder pleno, amedrontando os moradores, especialmente depois que ordena a tortura e morte de um garoto. Aí também é a hora em que começa a liberar seu lado corrupto e tratar de enriquecer. Portanto, um livro que se lê com grande prazer
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