ORESTEIA: AGAMEMNON, COEFORAS E EUMENIDES - 3 VOLS.
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OBJETO
DE DESEJO
A trilogia Orestéia de Ésquilo é um dos mais belos e ricos documentos literários da permanência e transformação do pensamento mítico arcaico dentro do horizonte político e do contexto cultural de Atenas no século V a.C. Nesses versos elabora-se o pensamento político relativo ás relações de poder e á questão da Justiça na pólis, mediante o uso sistemático de imagens e noções míticas legadas pela tradição. Em Agamêmnon, o coro de anciãos argivos, perplexos e angustiados ante a contradições do presente, rememora a partida do grande exército coligado contra Tróia e interpreta os sinais divinos que acompanharam a partida. A terrível clareza das reflexões sobre justiça e poder permitiria aos anciãos prever o curso dos acontecimentos , se a dor não o impedisse. Coéforas: ‘portadoras de libações funerárias’. Que tem em comum a vida e a morte, os vivos e os mortos, que os une de modo inextricável? A unidade que os une é similar à inesperada e espantosa e espantosa unidade que se observa entre ser e não-ser, unidade que no sofista de Platão se impõe como condição necessária à captura conceitual do sofista. Similar não é idêntico. Idêntico é o mesmo, em qualquer sentido: similar é, ao mesmo tempo, idêntico e diferente, o mesmo e outro. Mas o que há de idêntico, nessa similaridade entre o que se vê nesta tragédia de Ésquilo e o que se lê nesse diálogo filosófico de Platão? Admitida a hipótese da correlação entre a noção mítica de Theoí (“Deuses”) e a noção filosófica de ideai/eíde (“idéias”/”formas inteligíveis”), aos Deuses Olímpios pertencem os diversos domínios do ser, por partilha de Zeus e por participação em Zeus; aos Deuses ctônios, filhos sombrios da Noite imortal, pertencem os diversos domínios da negação de ser e da privação de presença. A tragédia Eumênides de Ésquilo, a última de sua trilogia Orestéia, representada pela primeira vez em Atenas, em 458 a. C., põe e resolve em cena essas questões impostas pela noção mítica graga arcaica de Deuses do Olímpios. Aqui, a veemente oposição, feita de repulsa e de exclusão recíprocas entre os Deuses Apolo e Erínies, implica uma unidade, feita de necessidade e de imanência recíprocas entre esses mesmos Deuses.
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